Senti o meu ar a entrar, expirei e inspirei mais uma vez. Tinha de ter
calma, primeiro tinha de ter calma. Apesar de todas a cicatrizes e de todas as
feridas que ainda não sararam eu tinha de ser forte, corajosa, tinha que tentar
seguir o meu coração e ir à luta mesmo que o caminho seja irregular e louco.
Além disso quem é que neste mundo insensível não é um pouco louco? Tinha de me
acalmar, tinha de ser firme e a minha mente tinha de se manter concentrada por
apenas alguns minutos até o meu coração abrandar, a raiva passar e todo o
sofrimento me parecer insignificante comparado com o amor, alegria e felicidade
que me afogavam. Tinha de me concentrar e lembrar que nem todo o que as pessoas
dizem é para gozar comigo, tinha de brincar também.
Voltei a respirar, desta vez mais profundamente, começava a sentir aquela
luz branca que me cobre sempre que estou calma. O sol aquecia-me a face, o céu
estava azul e á minha frente os meus amigos esperavam uma reação explosiva. Apenas
sorri, não lhes iria dar a satisfação de ver o fogo-de-artifício por algo tão
insignificante. Eles estavam apenas a brincar, eles sabiam os meus sentimentos,
tinham visto as minhas reações nos últimos dias. Eles até tinham razão. Todos
sabiam para que esconder ou fingir, por isso sorri e aceitei o facto de tudo
aquilo ser verdade, não iria negar. Iria mostrar-lhes que sou uma rapariga
forte e que uso o medo como a minha força.
Não sabia que reação eles teriam, não sabia se iriam ficar totalmente sérios
se iriam virar-me costa ou até mesmo se iriam perguntar-me o que se passava mas
depois da conversa que tinha tido apercebi-me que aquilo não podia continuar.
Não vou ter uma segunda oportunidade, tem de ser já ou nunca. Tudo ainda
parecia um sonho do qual eu não consegui acordar. Sentia-me tão viva. O medo já
não me intimidava tanto como antes fazia, a brincadeira parecia muito mais
simples e o meu positivismo parecia ter regressado, ainda que leve e assustado.
A esperança parecia ter ressuscitado, tudo parecia fazer sentido.
Quem diria que a calma e paz interior juntamente com a aceitação do que
sentimos e somos poderia trazer algo tão bonito ao mundo. Não sei por quando
tempo sentirei isto mas neste momento apenas quero aproveitar enquanto dura e
se os meus inimigos aparecessem para me derrotar poderia finalmente fazer
aquilo que á muito desejava fazer: torturar as suas mentes pequenas e
ignorantes até que eles se apercebam que nunca mais devem tentar atirar-me do
penhasco. Uma nova pessoa tinha surgido e essa não aceitava lutas injustas com
pessoas que pensar ser melhores que os outros. Uma pessoa que se fosse preciso
lutaria até ao fim mesmo que a causa pareça estar perdida, mesmo que esteja em
sofrimento e farta, porque nada é mais bonito que lutarmos pelo que queremos e
seguir o nosso coração.
1 comentário:
Esta bue giro!
:)
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