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sábado, 23 de agosto de 2014

Forte será a promessa do novo dia



Leve será a pena a voar sobre o mar. Brilhante será o sol no horizonte marinho. Contínua será a promessa de lutar. E ausente, num crescente e pensativo momento, pele morena iluminada pelos raios perdido de um fim do dia, um homem vive. Fugitivo a correr, tropeçando e caindo ao longo do caminho da verdade. Estrelas a iniciarem o seu trabalho. Trabalho árduo como aquele que o homem durante anos vivera, carregando mágoas, vontades, memórias de paixão, da família longe e perto, sempre com o coração a apertar com as saudades e nunca deixando de lutar pela sua vida, pelo seu futuro e presente.
Forte será a promessa do novo dia. Dia que virá. Na rua gritará um louco. Assustando as crianças e incomodando aqueles que passavam. Gritava sobre a escuridão no mundo e sobre os planos dos espirito para os não crentes. E o Fugitivo passava, ignorando a canção do louco. Tentando deixar o seu estatuto, tentando voltar para casa sem a amargura no peito, aquela dor que consome as almas dos bons homens.
Severa será a cobrança de um mal feito, de um dia para lá do alcance das mãos de um sonhador. Melódica será a canção dos vivos. Alegre será o ondular das ondas sobre uma praia coberta no verão de todos os anos. E o Fugitivo passa. Os seus irmãos e irmãs agarram-no pelas mãos e puxam-no para dançar. Rodopiando e ignorando o louco da rua. Fora criado a erguer a cabeça quando o vento o fazia falhar um passo e cair na terra seca. Fora criado a abraçar a sua família. E no trabalho árduo de um homem a viver pelo futuro, ele perdeu-se várias vezes como todos os seus iguais. Ninguém criticará, poderão unicamente olhar para ele e dizer o que vêm.
Esperançosa será a promessa daquele dia. O dia em que todos dançam em redor da grande mesa retangular. O dia que virá. A perdição será leve na sua mente. Todos os problemas pareceram distantes quando o sorriso dos seus pais perdesse nos seus rostos enquanto as memórias ecoam ao som da voz do homem e dos seus irmãos e irmãs. É um novo dia. Quando partir, serão cartas na gaveta, fotografias em álbuns, e palavras ao vento. No mesmo vento que o levantou pelo ar, atirou para o chão e ajudou a levantar inúmeras vezes ao longo da vida.
Leve será, leve foi e brilhante nunca deixará de ser a sua mente, a sua memória, os raios de sol a embaterem na sua pele ao se pôr no horizonte marinho, lágrimas em cascada por todos os passados e presentes em contínua promessa de luta. Nunca parando. Fugitivo um dia. Irmão no novo. Na forte promessa do ausente crescendo da melodia entoada na voz rouca da sua querida mãe, perdida nas linhas da manta, voando com o cheiro a pêssegos numa casa que o viu crescer. Na manhã ele continuará, seguindo o caminho iluminado por estrelas invisíveis, escoltando os mistérios dessa mesma promessa, desse mesmo dia.