Este é o local onde as palavras encantam.
Os escritores também tem sentimentos. Se sentiste, diz. Assim estaremos todos no mesmo nível de partilha.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Adeus ao preto e branco

Aos meus olhos o mundo é a preto e branco, sem gosto, sem a mais pequena cor, um mundo triste repleto de maldições e histórias de terror. Mas nem sempre é assim, há alturas em que parece haver uma luz, em que o céu se torna azul, em que as flores cobrem os campos deixando-os como uma tela pintada de múltiplas cores sem ordem aparente, em que a lua fica brilhante e o sol liberta toda a sua luz que mais tarde viria a pintar todo o mundo. Um momento que fica gravado no coração, um momento mágico.

Já alguma vez pensaram em como seria o mundo sem sonhos? Talvez ainda fosse pior. Em vez de preto e branco seria apenas preto. Viveríamos na escuridão e mesmo que de vez em quando fossemos felizes nenhuma cor aparecia naquele mundo. Que triste e vazia a vida seria. Já pensaram no que podiam fazer se aceitassem quem são? Não aceitarmos o que somos custa, eu sei. Doí… É como se me estivessem a sufocar vezes sem conta, sinto um aperto no peito, o meu estomago virasse completamente do avesso e a minha cabeça parece quer rebentar, mas quando nos aceitamos o alivio que esperamos sentir, ver o mundo com novas cores, sentir as coisas de forma diferente, tudo isso demora a chegar.

Mesmo assim eu ainda tenho momentos de claridade, momentos em que vejo cores espalhadas por todos os lados, momentos em que no ar se pode ver os tons alaranjados que o sol liberta e que faz com que o mar esteja pincelado com ouro e o céu fica pintado de azul-escuro. E esta noite vai ser perfeita, vai explodir alegria que levará um sorriso aos nossos lábios e cores ao céu, principalmente quando todos estivermos juntos. Amigos, camaradas, jovens doidos e energéticos todos juntos em redor da mesa repleta de comida e bebida, a rir, contar histórias divertidas de momentos passados, a dar graças por nos termos uns aos outros. Um momento extraordinário, uma festa repleta de amigos.

Naquele momento tudo o que é mau deixa de importar, todas as dores, todos os tormentos, todos os sonhos perdidos e todas as injustiças, tudo hiberna e apenas importa o calor da amizade, alegria, pura felicidade. O mundo ganha cor, as palavras tornam-se melodias, abraços para aqueles que há muito não se veem, matar as saudades, recordar todas as memórias boas que tivemos ao longo da curta vida, relembrar que temos de nos ajudar uns aos outros.

Pouco a pouco eles vão chegando, como se a luz da casa os chamasse, como se ela fosse uma das estrelas que Febe profetizou. Profecia que iremos cumprir voluntariamente porque nada mais podemos fazer se não seguir os nossos instintos e abraçar a felicidade que a profecia nos fornece. E num abrir e fechar de olhos todos os amigos já se encontravam juntos, a festa podia finalmente começar e só iria terminar até que o sol acordasse do seu sono profundo. Ao som da música de Euterpe dançamos, partilhamos sonhos e sentimentos e, como que guiados pelo momento, brilhamos porque as nossas almas voavam livremente como belos pássaros azuis e dourados e porque juntos somos um. Um grupo de amigos reunidos para celebrar o renascimento de um dos nossos.

Louvamos às Cárites pela sua boa vontade e graça, pela amizade e amor que no presentearam. Mesmo quando o sol começa a nascer e a festa começa a esmorecer ninguém, nem mesmo Mnemosine, poderá retirar-nos a memória daquele momento maravilhoso cheio de luz e cor, sentimentos e risos, sem silêncio, sem escuridão interior, sem maldições, sem falsidades; um momento repleto de música, canções cómicas e felizes, lembranças profundas e com as pontes que caíram construídas, ligando todos a todos, como é suposto ser, até á eternidade se assim quisermos.

Com o sol já no horizonte a banhar todos nós, podemos pensar que isto é o fim, mas eu acho que é apenas um bom começo, terminar com o negro e começar com a luz. Um momento muito mágico guardado nos nossos corações e almas para sempre e um dia, daqui a muitos anos, quando estivermos muito velhinhos podemos recordar-nos deste momentos apesar de ser de forma gasta e através de fotografias. Nessa altura os nossos corações vão dizer: A amizade foi mais forte que a escuridão e tudo o que é mau.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A boneca do céu

Num quarto pintado com cores quentes e suaves vive uma rapariga de longos cabelos loiros, de olhos de um doce verde e pele clara. Normalmente vestia um vestido rosa com uns sapatinhos de cristal. Aquele quarto caloroso tinha uma janela que dava para um enorme lago rodeado por uma forte floresta. Às vezes quando o sol se punha, e a água do lago se tornava como por magia em dourada, a bela rapariga ia ver os tons do mundo e cantava uma canção encantada.

Mas hoje é um dia diferente, está a chover e o céu está negro como se tivesse sido pintado pela solidão. A rapariga olhou para o fraco sol e pensou no que tinha acontecido as alegres cores do Universo, os seus pensamentos reflectiam nas paredes silenciosas do quarto. Leves como penas, os pensamentos voavam pelo teto em direção ao infinito, batiam num parede e depois noutra e noutra e noutra... Até que por fim ela libertou-os para o horizonte, abrindo uma nova janela naquele quarto.

A rapariga sonhadora voltou para a cama e suspirou ao vento algo incompreensível e o vento respondeu-lhe com uma simples atitude: fez a triste rapariga voar pelo quarto, rodopiando, rodopiando, rodopiando até que por fim a voltou a poisar sobre uma cadeira de madeira coberta por uma manta vermelha aos quadrados, uma típica manta antiga e feita de forma pura.

O dia tinha finalmente terminado, a rapariga começara agora a cantar para a sua musa: a brilhante Lua. O céu tinha sido preenchido por estrelas e todas elas contavam uma história. Um infinito livro. Fora isto que a rapariga pedira. Um céu estrelado que lhe fizesse companhia quando o sol não o fizesse.

Na verdade a rapariga não era mais nem menos do que uma boneca de porcelana criada pelas memórias de uma escritora que á muito que tinha desaparecido e voado para o céu.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Anjos do conhecimento

Ao longo da minha vida colorida
Conheci anjos que me deram a mão
E me levaram às terras do sultão,
Do faraó e da história lida.

Eles levaram-me a mergulhar
Nas águas da eterna sabedoria
Para que ao nascer do novo dia
Seja uma pessoa de melhor pensar.

Aos meus tutores tenho que agradecer
Pois este sonho animado está a virar
Realidade e com ele viram o mar
Das experiências alegres que ei de ter.

Quero que eles saibam que no futuro
Eu passarei esses sempre verdadeiros
Conhecimentos a todos os companheiros
Que tiverem num tremendo apuro.

Irei ajuda-los como vocês, meus amigos
Me ajudaram, e vou mostrar-lhes o mundo
Da ciência e da vida da Terra, segundo
Os grandes e gloriosos mestres antigos.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Aquilo que sou

Nada que eu faça vai mudar, magoei-te e magoei-me, mas já antes do sol se por eu me sentia como que uma folha caída no chão lamacento que pouco a pouco me começa a engolir. Apesar de ter consciência que fui má não me atrevo a pedir desculpa, sinto que assim será menos doloroso... Deixar-te longe de mim... Aquilo que sou acabaria por te causar problemas, é melhor afastar-me do que te magoar infinitamente.

Sou amaldiçoada ou sou a maldição? Não sei ao certo... De qualquer das formas só algo mau que consome todas as boas energias e apenas espalha o negro por onde passo. Sou aquilo que não quero ser, mas ao desejar ser diferente sigo diretamente para o meu túmulo levando comigo todo o que nos meus braços repousa.

Ser diferente ou não viver uma vida cheia de experiências únicas? Sinceramente sinto que não sou diferente mas sim esquisita. Não sou nenhum génio, sou apenas alguém que em certos momentos ou mesmo quando quer faz magia, ainda que seja uma magia com palavras, profecias. Não sei se devo fugir ou ficar aninhada no meu ninho de sonhos e cores.

Se eu ao menos conseguisse aprende a controlar está pantera e manter a coruja feliz em vez de maltrata-las e fazer com que elas deixem cair sobre o solo vermelho as suas lágrimas salgadas, talvez se eu conseguisse fazer tudo isto pudesse viver uma vida um pouco mais normal, como todos os outros jovens da minha idade.

É verdade! Que é diferente não é compreendido. É obrigado a esconder a sua essência com medo do que os outros pudessem pensar, e pouco a pouco perder-se nas próprias memórias, pensamentos, fantasias e sonhos. É obrigado a deixar os seus desejos escondidos, chorar quando ninguém está perto ou em fazes iniciais quebrar-se em mil pedaços espalhados pela água cristalina. 

Também eu estou condenada a viver quebrada, como um vaso que uma criança partiu e que a todo o custo tentou colar e restaurar a sua beleza antiga. Mas eu acredito que um dia as pessoas irão abrir as mentes e nessa altura poderei mostrar o que sou, a alma de escritora e poeta que tenho, poderei caminhar livremente sem medo que as pessoas me possam criticar.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Melodia da Natureza

Quando o céu fica com tons avermelhados dos ternos raios de sol eu sei que a hora chegou. Chegou o momento de cantar para todo mundo. Cantar alto as memórias tristes e felizes. Cantar como se não houvesse amanhã, como se a noite que estivesse a começar não tivesse fim.
 
Pouco a pouco o sol deita-se no horizonte. E no lado oposto a lua nasce mais viva, brilhante e cheia que nunca. E com ela vem um arco-íris nunca visto. O arco-íris lunar. Mais cintilante do que o seu irmão do dia, mais raro que o outro. Um arco-íris de sorte e felicidade.
 
Quando ao seu sinal a orquestra da Natureza começou a tocar os meus olhos fecharam-se e eu concentrei-me na melodia pura e prateada que emergia no ar. Um cheiro a mel e rosas sentia-se pelo ar. Deixei-me levar pela magia da noite e comecei a tão esperada melodia. A minha voz ecoou pelos quatro cantos da terra.
 
O som do violino pintava levemente o céu negro com as suas notas musicais. O violoncelo fez as estrelas brilharem no céu sem cor. O piano dava vida á lua e a minha voz ajudava todos os instrumentos a ganharem força para todas as suas tarefas. Suavemente como um toque de uma pena, aquele mundo encheu-se de cor e magia. Uma explosão de felicidade e alegria tinha ocorrido.
 
Pouco tempo passou até mais pessoas aparecerem e celebrarem. Por toda aquela pequena zona podia-se encontrar pessoas com instrumentos mágicos a tocar para as estrelas, pessoas a dançar, pessoas a cantar. Todas elas se estavam a divertir e a libertar o calor ardente da felicidade. Nada havia a fazer nem a desejar senão a felicidade. E ali se mantiveram até ao arco-íris decidir acabar a festa e desejar a todos um bom-dia.