Sinto algo a escorre-me pela cara, devagarinho vai escorrendo até que cai
em direção à suja estrada de terra e paralelos. Lágrima atrás de lágrima, elas
vão caindo e eu parada no meio da estrada deserta, no meio da escuridão densa,
sem ninguém para me apoiar, esmorecia como uma flor sem água. Sentia-me como se
estivesse á espera de chuva durante uma seca, sentia que precisava dessa chuva
para lavar as minhas lágrimas.
Sentia-me sozinha, queria falar com alguém, dizer-lhe o que se passava,
tudo o que se passava comigo; mas ninguém estava, naquele momento, comigo.
Todos estavam a sorrir e a divertirem-se sem saberem que na rua estava a chover
gotas de água salgada, sem saberem que eu sentia que estava a ser puxada para
baixo como se tivesse em areia movediça e quanto mais me mexia pior seria.
O que poderia eu fazer? Só podia tentar acalmar-me, não adiantava nada
estar stressada e triste. Só podia deixar as lágrimas correrem até que os meus
olhos secassem ou até que a chuva doce chegasse, lavando todo o mal que as
lágrimas tentavam fazer desaparecer. Ainda continuava à espera, à espera de um
milagre. À espera que aquela pessoa chegasse e me dissesse que tu do iria ficar
bem, que eu não estava doida e que não fazia mal sentir-me triste.
Ali estava eu, sozinha sem saber o que fazer, sentindo-me desamparada e
com o coração despedaçado. Mesmo sabendo que tinha de me recompor e parar de
pensar no meu coração partido, não conseguia deixar passa o medo. Medo de
perder, medo de nunca mais ser capaz de fazer com que o meu coração voltasse a
ser como era, medo de tudo o que pudesse acontecer. Tinha de pensar em tudo o
que a minha mãe me tinha dito: Aquilo que não te mata torna-te forte. Porque a
desilusão não me matou. Ela vai tornar-me forte, mais forte do que nunca e pronta
para outras batalhas, mais difíceis do que esta que tinha acabado.
Eu não queria perder-te, não queria que deixasses de ser meu amigo.
Preferia não me sentir assim, preferia que tudo fosse como antes. Mesmo assim
gostava de achar o caminho, o caminho para a felicidade. Gostava de poder
caminhar em direção a coisas boas e sair desta estrada suja e irregular, mas
nem tudo o que desejamos se realiza e normalmente não tenho muita sorte.
Pensando bem, não tenho jeito para relações e sempre que penso no que podia ter
dito fico nauseada. Sou a confusão e desilusão em pessoa.
Sempre que caminho por esta estrada da desilusão sinto como se estivesse
a perder partes importantes da minha alma. É o pagamento por todas as asneiras
que fiz, disse, pensei e escrevi, até mesmo pelas coisas que não fiz, disse ou
escrevi. Tento respirar fundo e correr. Tentar fugir desta estrada mas ela
parece estar cheia de cola. Não me deixa fugir, obriga-me a pagar por tudo,
obriga-me a massacrar tudo o que ainda me resta, tudo o que os outros dão por
garantido, todos os sentimentos, todas as memórias, todo o que fui e sou. E
mesmo quando o sol nasce e a lua adormece, quando as borboletas no meu estomago
me começam a torturar, a pedir para as libertar e mostrar o amor que sinto,
mesmo depois das lágrimas terem morrido, eu continuou triste e inconsolável.
Sabendo e acreditando que a estrada vai terminar e a vida vai continuar,
sinto-me cansada de lutar esta luta injusta mas não posso para porque devemos
mostrar á vida que não temos medo, que somos forte e aprendemos com tudo o que
acontece. Devemos mostrar a esta estrada da vida que não temos medo de ir à
guerra. Mesmo sabendo tudo isto eu mesmo assim sinto-me no limite. Perder
alguém não é algo que eu goste, não é algo que ninguém goste que aconteça, mas
a vida gosta de nos dificultar as coisas e de nos por à prova, pondo à nossa
frente uma estrada da desilusão. E eu vou-me esforçar, vou lutar e conquistar o
meu lugar nesta vida, vou provar que mereço algo de bom e provar que não
merecia perder uma amizade tão importante. Vou esperar que a vida volte a
colocar á minha frente aquele que eu perdi e o torne meu amigo novamente.
2 comentários:
Esta bue fixe :)
Gostei muito!
Beijinhos :)
Obrigada :)
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