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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A estrada da desilusão


Sinto algo a escorre-me pela cara, devagarinho vai escorrendo até que cai em direção à suja estrada de terra e paralelos. Lágrima atrás de lágrima, elas vão caindo e eu parada no meio da estrada deserta, no meio da escuridão densa, sem ninguém para me apoiar, esmorecia como uma flor sem água. Sentia-me como se estivesse á espera de chuva durante uma seca, sentia que precisava dessa chuva para lavar as minhas lágrimas.
Sentia-me sozinha, queria falar com alguém, dizer-lhe o que se passava, tudo o que se passava comigo; mas ninguém estava, naquele momento, comigo. Todos estavam a sorrir e a divertirem-se sem saberem que na rua estava a chover gotas de água salgada, sem saberem que eu sentia que estava a ser puxada para baixo como se tivesse em areia movediça e quanto mais me mexia pior seria.
O que poderia eu fazer? Só podia tentar acalmar-me, não adiantava nada estar stressada e triste. Só podia deixar as lágrimas correrem até que os meus olhos secassem ou até que a chuva doce chegasse, lavando todo o mal que as lágrimas tentavam fazer desaparecer. Ainda continuava à espera, à espera de um milagre. À espera que aquela pessoa chegasse e me dissesse que tu do iria ficar bem, que eu não estava doida e que não fazia mal sentir-me triste.
Ali estava eu, sozinha sem saber o que fazer, sentindo-me desamparada e com o coração despedaçado. Mesmo sabendo que tinha de me recompor e parar de pensar no meu coração partido, não conseguia deixar passa o medo. Medo de perder, medo de nunca mais ser capaz de fazer com que o meu coração voltasse a ser como era, medo de tudo o que pudesse acontecer. Tinha de pensar em tudo o que a minha mãe me tinha dito: Aquilo que não te mata torna-te forte. Porque a desilusão não me matou. Ela vai tornar-me forte, mais forte do que nunca e pronta para outras batalhas, mais difíceis do que esta que tinha acabado.
Eu não queria perder-te, não queria que deixasses de ser meu amigo. Preferia não me sentir assim, preferia que tudo fosse como antes. Mesmo assim gostava de achar o caminho, o caminho para a felicidade. Gostava de poder caminhar em direção a coisas boas e sair desta estrada suja e irregular, mas nem tudo o que desejamos se realiza e normalmente não tenho muita sorte. Pensando bem, não tenho jeito para relações e sempre que penso no que podia ter dito fico nauseada. Sou a confusão e desilusão em pessoa.
 
Sempre que caminho por esta estrada da desilusão sinto como se estivesse a perder partes importantes da minha alma. É o pagamento por todas as asneiras que fiz, disse, pensei e escrevi, até mesmo pelas coisas que não fiz, disse ou escrevi. Tento respirar fundo e correr. Tentar fugir desta estrada mas ela parece estar cheia de cola. Não me deixa fugir, obriga-me a pagar por tudo, obriga-me a massacrar tudo o que ainda me resta, tudo o que os outros dão por garantido, todos os sentimentos, todas as memórias, todo o que fui e sou. E mesmo quando o sol nasce e a lua adormece, quando as borboletas no meu estomago me começam a torturar, a pedir para as libertar e mostrar o amor que sinto, mesmo depois das lágrimas terem morrido, eu continuou triste e inconsolável.
Sabendo e acreditando que a estrada vai terminar e a vida vai continuar, sinto-me cansada de lutar esta luta injusta mas não posso para porque devemos mostrar á vida que não temos medo, que somos forte e aprendemos com tudo o que acontece. Devemos mostrar a esta estrada da vida que não temos medo de ir à guerra. Mesmo sabendo tudo isto eu mesmo assim sinto-me no limite. Perder alguém não é algo que eu goste, não é algo que ninguém goste que aconteça, mas a vida gosta de nos dificultar as coisas e de nos por à prova, pondo à nossa frente uma estrada da desilusão. E eu vou-me esforçar, vou lutar e conquistar o meu lugar nesta vida, vou provar que mereço algo de bom e provar que não merecia perder uma amizade tão importante. Vou esperar que a vida volte a colocar á minha frente aquele que eu perdi e o torne meu amigo novamente.

2 comentários:

Nadine Mendes disse...

Esta bue fixe :)

Gostei muito!

Beijinhos :)

Unknown disse...

Obrigada :)