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sábado, 24 de outubro de 2015

Perdido no caminho da escuridão

Eu acredito… Acredito que exista amor em ti. Um coração que tem espaço para me deixar entrar. Acredito que apenas seja medo aquilo que te prende, que seja o passado a ditar as tuas ações. Olho para os teus olhos doces e esverdeados e vejo o quanto perdido estás neste mundo; o teu rosto vazio de expressões, quase diria que não tens coração. No entanto, eu sei… Sei que existem sentimentos por detrás dessa máscara de ódio e escuridão na alma. Sei que virá o dia no qual encontrarás o caminho e correrás para fora do alcance desses demónios, para bem longe deles. Conheço-te melhor do que pensas, melhor do que querias.
Não sou… Eu não sou tão inocente como crês. Sou muito mais do que a jovem inocente que vês quando olhas para o meu reflexo. Arrisca. Arrisca e deixa-me entrar. Paciente e calma, aqui estou eu, sentada e olhando para o horizonte esperando por veres a luz existente no teu próprio coração. Estás a seguir o rumo à miséria e à loucura, perdendo a alma com cada passo dado em direção da escuridão, deixando o passado prender-te no seu tempo. Fechaste o teu coração, negas olhar-me nos olhos, ver para além do castanho da íris, que eu não sou perfeita, nem sequer sou a ‘simples rapariguinha’ que teimas em acreditar.
Eu pensei… Pensei mesmo que poderias amar-me. Vejo no vidrar dos teus olhos verdes que nada existe. Não me deixas aproximar, foges como se eu fosse a culpada da tua dor. O meu coração aperta e vejo o meu próprio reflexo no teu rosto. A solidão, a loucura, a confusão, a raiva e a vontade de fugir. Pensei que passo a passo pudesses acreditar em mim e deixar que eu tocasse o teu peito e enchesse o teu coração com o meu amor. Eu sei que as sombras do teu passado continuam a cobrir-te e que não sou forte o suficiente para as afastar da tua alma, todavia, tentaria se me deixasses dar um passo.
Eu acredito… Pensei que acreditava possuir a chave para o teu coração. Talvez fosse uma ilusão. Talvez tudo fosse mentira. Talvez os teus olhos realmente me ordenassem que parasse, me avisassem que não iria conseguir alcançar o meu objetivo. Diz o que quiseres, mas eu sei que no fundo queres ficar. Peço-te para ficares, para aceitares o que sou. Conheço-te tal como me conheço. Somos duas peças do mesmo, tão semelhantes que diria ser coincidência. A loucura, os demónios tingem as nossas almas. Só o verde não vê o que existe. Voltarei costas a todo o nosso presente e futuro se assim o desejares. Caminharei se me pedires.

Pensei… Pensei mesmo que desta vez seria diferente. De coração partido seguirei rumo à minha própria miséria. Adeus… Segue-me se desejares. Liberta-te e liberta-me. Olha para mim e não veja a inocência que parece cobrir-me, vinda das palavras de outros. Vê a loucura e a escuridão no meu interior tal como eu vejo no teu. Abre o coração para mim e serei tua. Nunca serei perfeita. Nunca pertencerei aos demónios do teu passado. Desprende-te deles… Tento manter a fé. Tento acreditar. Pensei… Por momentos pensei que fosse real. Talvez… Por favor… Doce amor, fica.