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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Somos guerreiros monstros

Às vezes é difícil de lutar contra a maré, principalmente quando é noite e a lua e as estrelas desapareceram. Os acidentes acontecem, pessoas morrem, nos perdemos a força para lutar e a vida parece não ter sentido nenhum. Os amigos fugiram de nós enquanto nos chamavam monstros. Dizem que não passamos de bastardos indesejados e que apenas existimos por sorte, nem sequer nos deixam explicar o que se passa, o que sentimos e o que pensamos. Não nos deixam dizer, gritar se for necessário, que sim, estamos partidos. Somos brinquedos partidos nesta grande e escura oficina. Não somos lixo, não somos sortudos por termos nascido, somos apenas seres humanos que tentam viver à sua maneira, mesmo que seja esquisita e incompreensível.

Monstros… Será que as pessoas sabem o que são monstros? Ou será que o que elas querem dizer é que somos esquisitos ou fora do normal? Não somos todos diferentes uns dos outros? Não percebo qual é a diferença entre nós, os monstros, e eles, os humanos. Pensei que monstros fossem aqueles que nos assombram os sonhos e se escondem na escuridão. Não percebo como é que nós podemos ser esses monstros. Eu apenas assombro os meus próprios sonhos e se é o facto de gostar da escuridão que me faz ser um monstro então vocês são o quê? Se só por não termos medo da dor isso nos torna monstros então é o que somos.

Uma lição que aprendi á algum tempo é que devemos aceitar o que somos e o que o universo nos dá. Se não aceitarmos o que somos como podemos ter relações e esperar que os outros nos percebam. O problema é quando os outros não querem saber o que somos, apenas ligam ao que lhes interessa. Para eles somos monstros, para eles sou a bruxa que mais parece um furacão, mas não me interessa. Aceito que sou uma bruxa, aceito que sou o monstro que talvez atormente os vossos frágeis sonhos de criança. Aceito porque sei que sou forte e que nenhum dos bastardos ingratos e néscios me vai fazer cair novamente.

As minhas feridas podem ter sarado mas a dor continua lá, por isso é que me tornei forte. Agora não luto para apagar a dor, tomei-a como minha e aceitei o que ela é, por isso agora é mais fácil. Serei o monstro porque tomei a dor como minha? Se sim, então é o que sou e nada posso fazer. A dor faz parte do que somos, assim como a alegria e a solidão. Monstros… Talvez sejamos… Será que olhar para o mundo de maneira diferente é mau? Será uma coisa assim tão monstruosa? Todos olhamos para as coisas de maneira diferente, sendo assim todos são monstros. Cruéis, assassinos e demoníacos… Nem todas as pessoas são más, nem todas são boas, logo nem todos os monstros são de os brutos e insensíveis que vocês pensam.

Se somos monstros e se vocês afirmam que o somos, então pelo menos tenham a decência de nos diferenciar. Se querem afastar-se de nós, se querem aniquilar-nos então vocês são tão monstros como nós. Não nascemos como monstros. Não somos a vossas marionetas, é por isso que vocês não gostam de nós. Não fazemos o que as crianças mimadas querem. Não deixamos de lutar contra o vosso reinado. Só por queremos coisas diferentes das princesinhas e principezinhos dos papás e das mamãs, somos considerados monstros. Injustiça!

Monstros, bruxas, demónios, aberrações, insensíveis e cruéis… Olhando para o passado vejo uma menina que encheu oceanos com as suas lágrimas salgadas, mas dentro do seu coração vejo um anjo negro. Talvez seja impressão minha, talvez esteja a ser paranoica, talvez seja mesmo má. Começo a ter dúvidas porque o futuro não é certo mas por agora vou dormir. Vou esperar que a lua apareça e me ilumine. Esperar porque ter paciência é essencial em muitas situações. Vou esperar que quando a lua nos ilumine todo o mundo possa admirar a bela daqueles que ele apelidou como sendo os Monstros.

Se tiver destinado a acontecer então vai acontecer, entretanto teremos de esperar. Esperar enquanto a lua ganha coragem para pedir ao sol para ele a iluminar e ela poder refletir a luz na nossa direção. No fim seremos nós os guerreiros nesta infinita batalha pela imortal diferença. Adeus aos humanos. Adeus aos monstros. Adeus à injustiça que nos atraiçoa a cada passo que damos. Adeus ao mundo porque este muda sempre que um de nós, monstros ou humanos, muda. E olá eterna Lua!

2 comentários:

Marianne disse...

Andas a ver muito "being human" ^^
Bom texto, sim senhora. Keep going ;)

Unknown disse...

Nunca vi "Being Human" Marianne. ^^
Whatever... Ainda bem que gostaste e sim vou continuar a escrever. Se não continuar não tenho nada para fazer e ainda morro de aborrecimento.