Ao
entrar no meu coração, a força é tal que este para de bater. Se sonhar em
penetrar pelo mar a dentro só para poder voltar a ver-te é a solução para
abater a minha amargura e o meu desconforto, assim o farei. Se sorrir quando o
mundo parece vazio é o meu castigo por te ter deixado levar um pedaço de mim em
troca de nada, que assim seja. Só não direi que me arrependo de te amar, de te
deixar entrar e derreter o gelo nos meus ossos.
Se os
meus demónios me impediam de olhar rumo ao horizonte, se eles me prendiam com
correntes de aço, um segundo foi o que bastou. A realidade mudou. Até aquele magnânimo
momento, num tempo e espaço apenas definido por nós, o meu poder foi elevado. O
meu amor… O meu corpo imperfeito mantivesse intacto. Foi a minha mente que se
despedaçou e reconstruiu. Foi o renascer. A palavra “nunca” deixou de existir.
O futuro
não pode continuar sem se tornar num presente impreciso. Por isso, chorei. Se o
meu coração alguma vez, no passado longínquo, sofreu tal decadência e
destruição, a memória esqueceu. Não direi que me arrependo de te amar. Louvo o
momento que passou. Invejo as estrelas que te observam todas as noites, privilégio
jamais me concebido. Eu deixei-te entrar. Eu deixei-te partir. Eu deixei-te
fugir. E agora, busco o meu lugar. Um lugar onde possa reunir a força. E no
fundo da minha mente, uma questão suplica por uma companheira que a complete
como tu me completavas.
Basta
procurar. Correr pela floresta atrás de ti. Gritar pelo teu nome. Chamar-te e
pedir-te desculpas por todos os meus defeitos. Uma pessoa não é sem os seus
demónios, e os meus são as correntes de ligação com o mundo. E tu… Um anjo
mortal e humano, és o que me abriu os olhos para as inúmeras cores a iluminarem
o caminho. O sonho inesperado. Sonho que nunca sonhei sonhar. “Nunca” que
fizeste desaparecer.
Nada…
Tudo… A verdade sobre a minha pele. O calor em constante erupção nos meus olhos
negros. Se ao menos tu soubesses… Se soubesses que o meu coração não seguirá em
frente enquanto te tiver marcado nele. Enquanto os meus suspiros forem por ti e
os meus lábios sussurrarem o teu nome todas as noites e todas as manhãs. Se ao
menos soubesses que partiria em plena maré alta, tentando, lutando por alcançar
a tua terra, a terra para onde partiste. Se eu soubesse o quanto custaria não
lutar…
Nas
sombras reinam os pesadelos, os desejos sedutores das almas apaixonadas, os
demónios de um outro dia. Perigos a evitar. Perigos a chamarem. Com lágrimas as
escorrerem, eu caminho. O quanto caminhar custa, sabendo a verdade sobre a minha
realidade pálida e vazia. Uma realidade sem ti. Uma realidade a pedir para ser
alterada. Ou será o meu coração a pedir? Os beijos perdidos numa possibilidade
nunca antes atingida. Nunca… Palavra que eu sonhara ter eliminado com os teus
olhos. Olhos a atormentarem os meus sonhos, os meus pensamentos, as minhas
memórias. Se os pesadelos são o meu castigo por ter desistido, assim seja.
Não
direi “adeus”. Ainda não sou capaz desse passo no sofrimento. Lutar… Eu queria
tanto lutar. A questão mantém firme na sua condição. O passado fica no passado,
o presente absorve o futuro. No final, apenas água e sangue restam para manchar
a vida e correr pelo meu corpo. Talvez… Não! Seguir em frente. Agarrar-te e
rodear os meus braços em volta do teu corpo. Sim… Esse é o único desejo ao qual
eu cederia. Poder ter-te ao meu lado. Mais uma vez… Uma mortal eternidade. Eu e
tu. O meu sofrimento… O meu amor… O meu anjo.
3 comentários:
Brilhante, arrepiante ler isto e sentir todo o sentimento que transmites nas palavras.
É deveras emocionante. Parabéns.
Um beijo :)
Mais uma vez obrigado pela visita. Tem uma boa noite :)
Brilhante =)
Enviar um comentário