Este é o local onde as palavras encantam.
Os escritores também tem sentimentos. Se sentiste, diz. Assim estaremos todos no mesmo nível de partilha.

domingo, 13 de julho de 2014

Virá o som do vento e a pena branca



Uma pena branca a voar pelo vento, bailando com as folhas, deixando o seu toque nos lugares mais obscuros das almas inocentes. O som do violoncelo numa manhã cinzenta, quando os suspiros reinam as ruas e a lua tenta desaparecer num horizonte escondido. A melodia rustica de um dia, os sonhos a voltarem neste ciclo parcialmente incompleto, e o dedilhar nas cordas deixando o sobressalto no eco. O "adeus" perdido num múrmurio. A pena suave e sedosa num constante voo pelo mundo.
A água do rio a chamar pela mulher de vermelho. A cantar ao embater nas pedras da cascata. Vezes e vezes sem conta. Corrente e vento numa dança circular.  E ela vem. Vem a pé pelo caminho de terra humida e raízes. O seu nome a vibrar por uma força invísivel, para sempre incompreensível pelos que os escutam sem serem merecedores. E ai vai ela. Levemente ela caminha. Passo e passo, para o rio de água fria.
Virá ela para o campo florido ou ficará na cascada arrebatadora? A pena voa em seu redor. A sua palidez em contraste com a violência viva do vestido. A floresta e os seus terrenos, nunca secos, dizem para correr, dizem para saltar e subir ás árvores. Virá ou não virá? Dançará ao som do violoncelo ou dedilhará nas cordas, criando a melodia do vento?
Os sonhos da sua noite, os pesadelos e os monstros escondidos nas sombras, dançam pelo ar sobre a corrente do rio, acelerando as águas. Se a mulher de vermelho chegasse, descalça e assobiando o ritmo e batucando na madeira das árvores de todos os momentos que o seu nome ecoasse pelo vento, talvez fosse o suficiente para cantar sobre a loucura num tom melancólico.
O "adeus" será dedilhado nas cordas do violoncelo e morrerá nas águas do rio. Virá ou não virá? Quando para a pena branca? Quando deixa o vestido vermelho de esvoaçar no vento quente de um verão inconstante? A melodia rustica para a loucura de ondular nas vibrações da água. Virá ou não virá? O tempo para, o silêncio inunda um mundo cinzento, a melodia abranda até á extinção. Sim... Talvez... A pena branca poisa. Os passos são o único eco na floresta depois das ruas, debaixo do olhar inexistente da lua. Passos firmes. Virá...

4 comentários:

Nânci Soares disse...

Está muito bonito mesmo, adorei :3 <3

Unknown disse...

Obrigada Nânci. :D
É sempre bom, ver que as pessoas gostam do que escrevo. É mais um turbo no meu sistema para continuar quando tudo parece estar a entrar em declínio. :)

Nadine Mendes disse...

Como sempre esta fantastico :)
<3

Unknown disse...

Obrigada Nadine. :)