Para
a Joana. Para ela que me deu a oportunidade de usar a minha criatividade com um
projeto maravilhoso e brilhante. Para ela que é uma querida. Para ela porque
merece muitos miminhos. Para ela porque todos somos merecedores de ser a
inspiração, merecedores de um texto, merecedores de uma história escrita em
papel e com uma letra ondulada e graciosa. (Características que são
inexistentes na minha letra.) Para ela porque tudo é possível e porque o
futuro ainda está para vir.
O vento passa, levando as
folhas perdidas na direção do mar. Tão longe elas voam. Tão alto elas sobem. E
na praia, passeando de mãos dadas, o pai guia o filho numa aventura em pleno
alto mar. Numa descoberta ao novo mundo. Na descoberta da história da Terra
para lá do grande azul. Ele leva-o pelos caminhos de areia, mostrando as grutas
escondidas e colhendo as conchas coloridas. E o vento passa, levando essas
palavras para longe, tal como as folhas.
Com o olhar maravilhado,
com o coração a bater ao som dos canhões dos barcos, o rapaz infiltra-se na
história. Ao som da voz do seu pai, ele ouve o cântico das sereias e ouve a
batalha de espadas. Metal contra metal. Gritos, ação… O mar a embater nos
rochedos. A dança das ondas e os sonhos a cobrirem a areia clara da praia
deserta.
“Um dia…” Ele disse tão
suavemente como o vento passa. “Serás tu a contar a história desta terra. Serás
tu o herói dos teus filhos. Serás tu o guerreiro a batalhar arduamente contra
as ondas da vida.”
O vento bailou pelas
árvores e continuou em frente. De mãos dadas, eles regressaram. Com o sol a pôr-se
no horizonte, eles partiram. Com um barco imaginário a cruzar os últimos raios
luminosos, eles sussurraram as últimas palavras. Com as folhas a preencherem o
novo mundo, eles guardaram a melodia do mar nos seus corações. Com o tempo a
acelerar como nenhum deles tinham sonhado antes, eles viveram. Com as sombras a
segui-los, eles viveram. Com os demónios a segui-los, eles cantaram. Com a vida
a pedir para seguir em frente, eles lutaram.
A voz do seu pai a rodear
a sua memória durante os anos. Ele fora uma criança. Ele fora um guerreiro. Ele
fora o marinheiro a ouvir as sereias, que escovavam os seus cabelos, sentadas
num rochedo, no meio do oceano e sem se importarem com o presente. Ele rira,
ele cantara, ele correra pelos caminhos de areia branca enquanto o seu pai o
prosseguia, gritando as falas do grande e malvado pirata. Ele sonhara com um
mundo novo, com a descoberta da nova terra.
As memórias, desenhadas na
tela de areia, estavam agora guardadas no fundo do grande azul. Ele chorara com
o pôr-do-sol. Lágrimas salgadas como a água do mar. Folhas a voarem para longe.
Folhas a voarem bem alto. E na praia, com o sol a brilhar no céu azul
cristalino, eles seguiram. Pai e filha. De mãos dadas… Um futuro… A história de
uma terra.