Na
negra realidade que nos abraça diariamente.
Andamos
na rua, sozinhos... Na mão direita
O
relógio, na esquerda o tela solenemente
Pintada
com cores vivas terrivelmente insolúveis...
E
não vá a sombra deita-las na cama imperfeita.
Dia
após dia, fechados na gaiola de rubi e diamante,
Ouvindo
a canção suave dos anjos e esperando
Que
um dia sejamos salvos, passando a viver.
Ouvimos
uma voz a dizer para perdoar, e navegando
Pelo
mar orientados pela Lua e o seu antigo amante,
Chegamos
à Ilha Branca. Continuar ou perder?
Ouvimos
os passos constantes e harmoniosos
Dos
seres da ilha. Saltar para terra ou para o mar?
Sorriso
nos lábios, lágrimas nos olhos e gritos abafados.
Lutar
e amar. Sorrir, chorar… Perder ou continuar?
Ficar
para trás ou seguir? Dar passos cuidadosos…
Preto
no branco… Perdidos no tempo. Abandonados…
Olhamos
para o relógio. O tic tac frenético e vibratório
Assombra
o nosso corpo. A tela gelada e a tinta esbatida
Na
face perdiam cada vez mais a cor. O mar violento
Ameaçava
virar o barco, decidindo se a vida retida
No
purgatório devia perder-se no denso e acusatório
Manto
azul negro, ou sobreviver no puro elemento.
Por
fim saltamos. Caímos sonoramente na terra ríspida.
Sentimos
o ressoar do tambor, num som constante.
Antecipamos
o que pode acontecer. “Fugir ou lutar?”
Dizemos
para nós próprios. Uma seta incandescente
Perfura
o teu peito rígido. E a substância liberta a vida
Que
antes te pertencia. O vermelho na pele brilhante…
O
calor a perder-se por entre os meus dedos quentes
Enquanto
o líquido irrompia do teu corpo leve e frágil.
Um
pesadelo! O tic tac do teu relógio desaparecia
Com
som do tambor. E o mar, destemido e ágil,
Remexia-se
com os inúmeros passos veementes.
“Adeus…” Suspiraste. O ‘Nós’ teimava e fugia.
Largaste
a tela vazia. Sorriste com uma lágrima
A
escorrer pela cara. Apanhei-a ainda tremendo…
Lutar
ou morrer? Levei as mãos à terra e procurei.
Procurei
algo. Lutar. O “nós”, o “eles”, a mínima
Luz
que brilhava do Sol dizia: “Vive!”. O horrendo
Final!
Que importava o “nós”? Só tu… O Rei…
Prometera
à Senhora proteger-te. Jurara a mim
Própria
fazer de tudo para não destruir o que era
E
sempre fora importante. Mas agora, perdia.
Sofria
silenciosamente… E eu procurava o fim.
Fim
do sofrimento… Fim… O relógio morrera.
O
vermelho manchou a areia bege. Eu sabia…
Um
grito... Milhares de lágrimas… Um homem…
O
vento rodeou-nos. Perdidos neste submundo.
O
leito imortal de areia tinha sido tingido com cor.
A energia
do Sol e das vozes, que agora consomem
O
mar, fizeram o teu corpo vazio ganhar um segundo
E
vibrante calor. Explosões ocorreram. Adeus dor!