Eu acredito… Acredito que exista amor em
ti. Um coração que tem espaço para me deixar entrar. Acredito que apenas seja
medo aquilo que te prende, que seja o passado a ditar as tuas ações. Olho para
os teus olhos doces e esverdeados e vejo o quanto perdido estás neste mundo; o
teu rosto vazio de expressões, quase diria que não tens coração. No entanto, eu
sei… Sei que existem sentimentos por detrás dessa máscara de ódio e escuridão
na alma. Sei que virá o dia no qual encontrarás o caminho e correrás para fora
do alcance desses demónios, para bem longe deles. Conheço-te melhor do que
pensas, melhor do que querias.
Não sou… Eu não sou tão inocente como crês.
Sou muito mais do que a jovem inocente que vês quando olhas para o meu reflexo.
Arrisca. Arrisca e deixa-me entrar. Paciente e calma, aqui estou eu, sentada e
olhando para o horizonte esperando por veres a luz existente no teu próprio
coração. Estás a seguir o rumo à miséria e à loucura, perdendo a alma com cada
passo dado em direção da escuridão, deixando o passado prender-te no seu tempo.
Fechaste o teu coração, negas olhar-me nos olhos, ver para além do castanho da
íris, que eu não sou perfeita, nem sequer sou a ‘simples rapariguinha’ que
teimas em acreditar.
Eu pensei… Pensei mesmo que poderias
amar-me. Vejo no vidrar dos teus olhos verdes que nada existe. Não me deixas
aproximar, foges como se eu fosse a culpada da tua dor. O meu coração aperta e
vejo o meu próprio reflexo no teu rosto. A solidão, a loucura, a confusão, a
raiva e a vontade de fugir. Pensei que passo a passo pudesses acreditar em mim
e deixar que eu tocasse o teu peito e enchesse o teu coração com o meu amor. Eu
sei que as sombras do teu passado continuam a cobrir-te e que não sou forte o
suficiente para as afastar da tua alma, todavia, tentaria se me deixasses dar
um passo.
Eu acredito… Pensei que acreditava
possuir a chave para o teu coração. Talvez fosse uma ilusão. Talvez tudo fosse
mentira. Talvez os teus olhos realmente me ordenassem que parasse, me avisassem
que não iria conseguir alcançar o meu objetivo. Diz o que quiseres, mas eu sei
que no fundo queres ficar. Peço-te para ficares, para aceitares o que sou.
Conheço-te tal como me conheço. Somos duas peças do mesmo, tão semelhantes que
diria ser coincidência. A loucura, os demónios tingem as nossas almas. Só o
verde não vê o que existe. Voltarei costas a todo o nosso presente e futuro se
assim o desejares. Caminharei se me pedires.
Pensei… Pensei mesmo que desta vez seria
diferente. De coração partido seguirei rumo à minha própria miséria. Adeus…
Segue-me se desejares. Liberta-te e liberta-me. Olha para mim e não veja a
inocência que parece cobrir-me, vinda das palavras de outros. Vê a loucura e a
escuridão no meu interior tal como eu vejo no teu. Abre o coração para mim e
serei tua. Nunca serei perfeita. Nunca pertencerei aos demónios do teu passado.
Desprende-te deles… Tento manter a fé. Tento acreditar. Pensei… Por momentos
pensei que fosse real. Talvez… Por favor… Doce amor, fica.