Para a Alexandra. A Borboleta que merece voar. Ela que merece seguir muito mais do que o caminho amarelo. Ela que merece estar rodeada de magia, rodeada de amor, carinho e respeito. Ela que anda graciosamente e tentando ser forte por ela e pelos que ela ama. Ela que me apoiou e que ainda o faz em todos os dias da minha vida. Ela que acolhe como uma pessoa importante na sua vida. Para ela, que eu apoio e aconselho, porque merece sonhar.
No meio da noite, suave e
cintilante luz banhava o lago azul cristalino. Voando de pedra em pedra, os
pirilampos passavam o tempo imortal. Nem mesmo na noite há silêncio. A não ser
que o silêncio seja o uivo dos lobos, o canto dos rouxinóis, o bater das asas
das corujas e o vento a ondular a água serena. Contando que este último fugiu
com as nuvens, só resta o silêncio de uma noite típica do lago, típica da
floresta, típica da natureza que rodeia a mulher de branco.
Uma estranha luz guiou
pelos caminhos irregulares da floresta. O vestido branco quase a roçar na
terra, a capa cinzenta aos ombros e o cabelo a deslisar pelas costas. A lua
deixava o seu pó cair nos fios acastanhados, dourando-os. Se um caçador
passasse diria ver uma deusa. A graciosidade com que ela percorria o caminho de
terra, desviando-se das raízes e pedras, ninguém diria que ela vivia na aldeia.
A guiara-a. Nada se
poderia dizer quanto a ela. Nem a jovem sabia. Porque haveria de a seguir? O
que era a luz? Se a pergunta fosse respondida, ela não estaria ali naquele
momento. Há questões que devem ser deixadas em paz, na escuridão do seu
mistério. E pouco… Aquele pouco conhecimento que o tempo disponibiliza, louvado
seja pela magia que concede, porque se não fosse ele, ela não teria decidido
seguir o mistério.
O lago acalmara. O vento
passara, os pássaros noturnos dançavam, os pirilampos iluminavam a inevitável
loucura, e os lobos afastavam-se seguindo rumo à montanha. A mulher de branco
chegou. A luz lunar refletia no seu vestido. A mágica aura no ar rodopiava e
mergulhava, levantando o azul do lago, refletindo as estrelas e a luz que
guiara a jovem. A capa, ao cair no chão, descobrindo o corpo dela. Longas e
sedosas asas repousavam no seu corpo como se fizessem parte do vestido.
Se em tempos ela voara,
não se sabe. No entanto, agora ela tenta ser livre. Livre de correntes que a
prendem à aldeia que nada sabe. A pequena borboleta branca… O sorriso nos
lábios. As mãos a acariciarem as asas da coruja, sentado no ramo mais alto da
árvore, lado a lado com a mulher de branco. O uivo dos lobos ao sabor da lua
cheia. Os rouxinóis a contarem histórias. A magia no lago da esperança.
Se o vento levasse os
pesadelos embora e trouxe se as possibilidades… Ela teria de as procurar.
Tentar voar para longe se necessário. Despedaçar as correntes do sofrimento.
Seguir o caminho que ela quer trilhar. Acreditar pois a sua mãe sempre lhe
disse que ela seria capaz. Sonhar. O primeiro passo começa com um sonho. Viver
por aquilo que ela acreditar. E voar… Sempre, voar. Por que outro motivo seguiria
ela uma luz?